sábado, 25 de dezembro de 2010

«Estamos frente a uma guerra colonial que só terminará com a derrocada do fascismo»: carta de 29 de Maio de 1961

Bahía Blanca, 29 de Maio de 1961


Dr. Manuel Sertório
R. Manuel de Nóbrega, 636
São Paulo - Brasil

Prezado Dr. Sertório:

Recebi a sua atenta carta do 13 de Maio quo muito lhe agradeço. Hoje chegou a sua carta para o Prof. Ruy Gomes com a nova redacção da declaração sobre o problema colonial, que ele me comunicou a seu pedido.
Quero comunicar-lhe que pode pôr o meu nome entre o das pessoas que assinam a declaração em questão e que consta de três pontos. Agora desapareceram todas as reticências que lhe tinham proposto, como me diz na sua carta; o que de resto já sabia pelo Ruy. Talvez seja oportuno recordar as seguintes palavras de um destacado líder político, já falecido:
“La oposición burguesa es precisamente eso, burguesa y oposición, porque no lucha ella misma, no tiene un programa que pueda ser defendido incondicionalmente, sino que aparece en medio de las partes contendientes (el gobierno y el proletariado revolucionario más unos cuantos intelectuales que lo apoyan), porque cuenta con aprovecharse del resultado de esta lucha.” etc. Vea Vol. 7, pag. 510 (V. L.) porque é um artigo muito interessante.
A situação em Angola agrava-se cada vez mais. Os jornais já falam de 25.000 mortos (negros); mobilizaram em Portugal, segundo me informa Ruy, a classe de 1958. Estamos frente a uma guerra colonial que só terminará com a derrocada do fascismo e a instauração dum governo provisório revolucionário; a menos que se consiga interromper a guerra pela intervenção da ONU.
Envio-lhe as minhas melhores saudações, com os meus melhores agradecimentos pela atenção dispensada



Ler Angola e António Aniceto Monteiro
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