sábado, 8 de setembro de 2012

1942: O ano das demissões de Celestino da Costa


Dr. Celestino e meu caro amigo
Soube pelo Corino do novo «incidente», e soube também — o que, de resto, estava previsto —, que se trata de uma nova amabilidade coimbrã que lhe não perdoa o famoso discurso1. Assim, pela força natural das coisas, ei-lo armado em chefe das hostes anticoimbrãs. E cá nos tem nas filas de combatentes. Pelo menos os campos defi­nem-se e um dia se verá...
(...)
Cumprimentos do velho amigo e admirador
salazar
1  Em 1942 Celestino da Costa disse num discurso na Câmara de Lisboa que esta, e não Coimbra, era a capital cultural do país. Isto originou reacção da Universidade de Coimbra que levou o ministro Mário de Figueiredo, oriundo da sua Faculdade de Direi­to, a demiti-lo de director da Faculdade de Medicina de Lisboa e de presidente do Instituto de Alta Cultura.
-
Ver excerto da carta seguinte, aqui:
«venho neste momento exprimir-lhe a minha velha camaradagem»: carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942
- 
Prof. Celestino e meu caro amigo
A impressão produzida pelo caso da Alta Cultura é cada vez mais penosa. Amigos, inimigos e indiferentes são unânimes em reconhecer que esta mudança foi um desastre. O Tavares é um homem trabalha­dor, mas não tem nem a cultura, nem a larga experiência, nem o largo contacto e conhecimento dos meios científicos que o Prof. Celestino possui. A tudo isto acresce que o Cordeiro Ramos é um homem sem categoria intelectual nem moral. A todos os respeitos, um desastre. Dizem que o facto foi devido a uma vingança de Coimbra por causa de algumas frases no seu discurso da Câmara. Isto junto a um movi­mento germanófilo. Se assim foi, o retorno ofensivo de Coimbra é a mais completa justificação das suas frases e a descida moral e intelec­tual da Alta Cultura adquire um significado quase simbólico.
(...)
-
-
Ler, ainda:
O Centro de Estudos Matemáticos do Porto numa carta de Abel Salazar a Celestino da Costa de 1942, ano da fundação do CEMP 
-
Tudo reproduzido do livro, que se recomenda vivamente:
(Abel Salazar - 96 cartas a Celestino da Costa)
-
Nota: Em 1942, Celestino da Costa viria a ser substituido no Instituto para a Alta Cultura por Gustavo Cordeiro Ramos (salazarista, hitlerófilo e germanófilo).
-
Ver: