terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Minuta da entrega da edição da Portugaliae Mathematica à Sociedade Gazeta de Matemática, Limitada (21 de Outubro de 1946)

© Família de António Aniceto Monteiro
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A letra no cimo desta minuta é, provavelmente, de Avelino Cunhal, como se pode ver comparando-a com a letra da primeira página manuscrita do livro "Nenúfar no charco" (livro de 1934-1935):
Tudo leva a crer que a minuta foi feita pelo próprio Avelino Cunhal e que todos os trâmites legais também foram feitos por ele.
Avelino Cunhal
Agradecimentos: família de Avelino Cunhal
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Ver:
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Nesta data, a família Monteiro morava Rua Almirante Alexandrino, 964, na «Pensão Internacional», no Rio de Janeiro, onde também moravam Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes.
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«Havia ainda em Santa Teresa, nessa mesma época, um outro núcleo irradiador de manifestações culturais inovadoras, produzidas a partir do convívio de artistas e intelectuais brasileiros com emigrados europeus. Trata-se da Pensão Internacional, que ocupava alguns chalés anteriormente pertencentes ao requintado e já então desativado Hotel Internacional, localizado na Rua Almirante Alexandrino. Ali pontificavam, na década de 40, o pintor húngaro Arpad Szenes e a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, que eram casados. Entre os moradores da Pensão Internacional estavam, por exemplo, o crítico de arte Rubem Navarra, o cientista Leite Lopes, o poeta português Antônio Boto, o arquiteto belga Jacques Van der Beuque e o pintor Carlos Scliar. O local, onde Szenes estabeleceu o seu ateliê e lecionou pintura, era frequentado também por outros intelectuais e artistas, como os poetas Murilo Mendes e Cecília Meireles, o pintor e escultor Athos Bulcão, o cenógrafo e diretor de teatro Eros Martim Gonçalves e os escritores franceses Michel Simon e Roger Caillois.»
[André Luiz Faria Couto: Pensão Mauá e Hotel Internacional]
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«A declaração da guerra, em Agosto de 1939, apanha o casal em viagem. Temendo o avanço das tropas alemãs e as consequências pela origem judia de Arpad, partem primeiro para Paris, depois para Lisboa, deixando o atelier do Boulevard Saint-Jacques entregue ao cuidado de Jeanne Bucher. Em Portugal, Vieira requer, para si e para Arpad, a nacionalidade portuguesa. Contraem matrimónio religioso na igreja de São Sebastião da Pedreira e durante quase um ano, vivem e trabalham no atelier do Alto de São Francisco aguardando uma resposta que virá negativa. Sem a protecção da nacionalidade e receando a progressão germânica, o casal decide exilar-se no Brasil.
Em Junho de 1940 Vieira e Arpad embarcam para o Rio de Janeiro. Instalam-se primeiro no Hotel Londres, em Copacabana, e depois numa pensão no Flamengo. Mais tarde Arpad e Vieira mudam-se para o Hotel Internacional, no Silvestre, em Santa Teresa, última morada do casal no Rio de Janeiro. Do seu círculo de amizades fazem parte Murilo Mendes, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Scliar, Maria Saudade Cortesão, Ruben Navarra, Athos Bulcão, Martim Gonçalves – dito Eros, entre outros.
O exílio no Brasil foi particularmente doloroso para Vieira e a sua obra reflecte as suas inquietações: a dor da guerra, o absurdo da condição humana, o desenraizamento e a saudade. A artista vê-se despojada de tudo. Um estado de crescente debilidade fá-la abandonar as pesquisas abstractas que só serão retomadas e actualizadas no regresso a Paris, em 1947.»