terça-feira, 2 de janeiro de 2018

«De facto, não lhe podemos oferecer, sobretudo como investigador, uma situação financeira brilhante. Mas esta pátria continua a ser “mãe pobre de gente pobre” embora, melhor ou pior, consoante os encargos de cada um, cá se vá vivendo. (…) Continuamos calorosamente a seu lado, na certeza do valor da sua possível colaboração na construção de um Portugal novo que seja, finalmente, nosso.» – carta de João Andrade e Silva para António Aniceto Monteiro, de 4 de Junho de 1975

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Carlos de Oliveira – Fernando Lopes Graça

Terra Pátria serás nossa,
mais este sol que te cobre,
serás nossa,
mãe pobre de gente pobre.

O vento da nossa fúria
queime as searas roubadas,
e na noite dos ladrões
haja frio, morte e espadas.

Terra Pátria serás nossa
mais os vinhedos e os milhos,
serás nossa,
mãe que não esquece os filhos.

Com morte, espadas e frio,
se a vida te não remir,
faremos da nossa carne
as searas do porvir.

Terra Pátria serás nossa,
livre e descoberta enfim,
serás nossa,
ou este sangue o teu fim.

E se a loucura da sorte
assim nos quiser perder,
abre os teus braços de morte
e deixa-nos aquecer.